Antes de responder a esta pergunta podemos afirmar outra coisa: o assunto
divide opiniões e paixões! Calu é uma fanática declarada por livros. Sua coleção
já chega perto dos mil volumes; em breve, a ideia é transformar o acervo em uma
biblioteca pessoal. Hoje, lendo três títulos ao mesmo tempo, ela garante que
nenhum está ali de enfeite; leu todos, alguns mais de uma vez.
"Eu gosto tanto de livros que aprendi a ler sozinha. Eu fui juntando as
letras e perguntando para a minha mãe. Aos cinco anos eu já lia sozinha",
comentou Calu Trevisani, fotógrafa.
Paixão não se discute! Calu é fã de livros em papel. Para ela, são como
filhos – carregados e cuidados sempre com muito carinho. E ela gosta mesmo do
conjunto da obra; mais do que o conteúdo, a textura, a diagramação e até o
cheiro mexem com sua intimidade quando está lendo.
"Eu estou atrás do ritual, da sensação, da vontade de ler, virar a página...
mas tem gente que está atrás de facilidade", explica a fotógrafa.
Pois é, Aylton virou a página! Ele também tem cerca de mil livros em sua
coleção; mas vive num capítulo diferente da Calu. Há cerca de cinco anos ele é
adepto dos livros digitais.
"Eu digitalizei todos os livros, armazenei em um HD e eu os uso a medida que
eu vou precisando", comenta Aylton Amaral, escritor.
Depois de todo trabalho de digitalização, hoje ele prefere comprar os e-Books
direto das livrarias virtuais. E não hesita para enumerar vantagens da sua
escolha.
"Portátil, ecológico, mais barato... Essas vantagens são as principais",
afirma Aylton.
Sem nada contra a modernidade, Calu até experimentou ler livros digitais, mas
não gostou muito.
"Eu acho que segurar o livro é diferente e cansa a vista. E também sinto
falta de segurar o livro e do ritual, como comentei", afirma Calu.
A questão é que independente da paixão pelo objeto livro, os livros digitais,
SIM, são uma tendência que veio para ficar.
"A cada ano o mercado dobra. Pode ser pouco, mas a curva é ascendente e a
cada ano que passa vemos mais pessoas adotarem o e-Book", comenta Fabio Uehara,
coord. novos negócios da Cia. Das Letras.
Números do mercado nacional refletem este momento. Os mais otimistas chegam a
falar em uma representatividade de até 10% do faturamento das vendas do setor em
2014. Hoje, segundo levantamento realizado pelo Instituto Pró-Livro em parceria
com o Ibope, cerca de nove milhões de pessoas já leem livros digitais no Brasil.
É pouco, uma vez que este número representa apenas 5% dos brasileiros.
De acordo com a Câmara Brasileira do Livro, há cerca de dez mil títulos em
formato digital atualmente no Brasil. Mas este número não para de crescer. Nesta
editora, por exemplo, 500 títulos já foram lançados também em e-book. Hoje, os
lançamentos de novos títulos são simultâneos: na livraria e online.
A promessa da chegada de gigantes internacionais e na produção nacional de
leitores de livros digitais aquece ainda mais o setor. Funcionou nos Estados
Unidos, onde a venda de e-books já representa 30% do faturamento das editoras.
Lá, desde que o Kindle (leitor da Amazon) foi lançado, os e-books não param de
ganhar espaço no mercado. Por aqui, a expectativa era de que a Amazon
desembarcasse no país ainda em 2012; mas ainda não há data certa para essa
chegada.
De qualquer forma, parece que os e-books não representam ameaça aos livros em
papel. Em 2011, as vendas no formato físico subiram 7% em relação a 2010 no
Brasil. A perspectiva é de que real e virtual vivam em harmonia e o livro
digital seja apenas mais uma forma de incentivar a leitura; nunca de substituir
o papel.
Nos próximos meses, o nosso mercado deve receber vários lançamentos de
leitores digitais. Recentemente, a Apple começou a ofertar títulos por aqui, por
meio de sua plataforma iBooks. E a gigante Amazon já se movimenta para abrir
operações no Brasil.
Ou seja, se você é adepto da tendência, pode se preparar porque ela vai
chegar com força por aqui nos próximos meses e ao longo do ano que vem. E você,
o que acha? Vai adotar os livros digitais, ou não abre mão dos volumes em papel?
Divida sua opinião com outros fãs de tecnologia e literatura.
Olhar Digital