O JOVEM FELIZ

Um jovem triste queria saber onde encontrar a felicidade. Contrariando seus pais, decidiu sair pelo mundo à sua procura. Partiu para lugar distante, na expectativa de encontrá-la.Chegou a uma cidade desconhecida e logo encontrou um velho doente, que estava sendo levado numa padiola para um hospital, a quem perguntou:

- Senhor, onde está a felicidade?
O doente, fixando-o surpreendido, apontou para o hospital e disse:

- Bem ali, meu filho, bem ali.

Adiante, encontrou um casal que se despedia, visto que o homem partia para uma longa viagem. Perguntou:

- Senhor, onde está a felicidade? O homem, apontando para o seu lar, disse:

- Bem ali, meu jovem, bem ali.

Mais à frente, deparou-se com um moço desempregado que caminhava nas proximidades de próspera indústria. Aproximou-se e perguntou:- Moço, onde está a felicidade? O desempregado, apontando para a indústria, disse: - Bem ali, companheiro, bem ali.

Segui adiante e viu um grupo de pessoas que cantavam e sorriam distraidamente. Aproximando-se de um desconhecido, que, sozinho e sem amigos, observava o grupo à distância, fez a mesma pergunta:

- Amigo, onde está a felicidade?A pessoa interrogada, apontando para o grupo que cantava, disse:- Bem ali, meu colega, bem ali.Andou um pouco mais e deparou-se com um prisioneiro que lhe acenava com as mãos por trás das grades de uma cadeia. Perguntou:- Irmão, onde está a felicidade?O prisioneiro, apontando para a rua, onde muitos transitavam livremente, disse:

- Bem ali, camarada, bem ali.

O jovem não se conformou. Ele queria algo diferente. Saúde, lar, emprego, amigos, liberdade, tudo isso ele possuía e não se sentia feliz. Permaneceu ali algum tempo, meditativo e tristonho.

Meses depois, retornou à sua cidade, sem alcançar o intento de encontrar a felicidade. Ao aproximar-se do local onde residia, uma surpresa desagradável o esperava. O imóvel, com todos os seus pertences, havia sido destruído por um incêndio. Entristecidos, os moradores daquele lar haviam deixado a cidade, com destino ignorado.O coração do jovem bateu mais forte. Sentiu uma angústia profunda, remorso, insegurança e medo. Aflito, chorou, desejando muito que tudo aquilo não passasse de uma ilusão. Sozinho, sentado sobre os escombros e cinzas daquela que havia sido sua moradia, sentiu saudades.

Recordou seu passado, sua infância, suas brincadeiras, seus amigos, sua família, seus pertences. Veio-lhe à mente, então, tudo aquilo que disseram os entrevistados quando de sua peregrinação pela cidade desconhecida. Todos haviam perdido alguma coisa e, nessa coisa perdida, estava a felicidade. Compreendendo a verdade do que eles afirmaram, escreveu com os dedos sobre as cinzas: "A felicidade morava bem aqui, só eu que não via".

 

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