O serviço do Google é complicado e cheio de bugs. Mas vai crescer com o tempo e pode conquistar parte do público que usa mensagens instantâneas.
Aqui na redação da INFO estamos testando o Google Wave desde junho, inicialmente na versão Sandbox, aberta apenas a desenvolvedores. Minha primeira impressão foi de uma ferramenta de comunicação poderosa, mas confusa. Achei que sua complexidade poderia afugentar parte dos potenciais usuários. E não fui o único a ter essa impressão. O site Easier to Understand, por exemplo, brinca com o tema fazendo comparações como a da imagem acima. Em julho, fiz uma entrevista com Lars Rasmussen, um dos criadores desse serviço. Quando perguntei a ele se o Wave não seria complicado demais, a resposta foi: “Chamamos um grupo de crianças de oito a nove anos de idade para conhecer o Wave. Elas não tiveram dificuldade ao usá-lo.” Rasmussen deixou claro que seu objetivo é substituir, com o tempo, o e-mail e as mensagens instantâneas. Como sabemos, ambição é o que não falta no Google.
Um teste mais prático veio duas semanas atrás, quando a versão Preview foi liberada e pudemos convidar mais gente para interagir no Wave. Boa parte da redação da INFO se divertiu trocando mensagens, mas nem todos aprovaram a novidade. Um colega chegou a dizer que o Wave é apenas “um chat ridículo”. Os bugs surgiram rapidamente. Uma das mensagens de erro que recebi dizia: “Esta wave passa por ligeira instabilidade e pode explodir. Se você não quiser explodir, reinicie a wave”. Duas semanas depois, o entusiasmo inicial parece ter diminuído. Eu e meus colegas continuamos usando o velho e bom Windows Live Messenger para nos comunicar. Mas, ocasionalmente, alguém ainda aciona o Wave quando quer compartilhar alguma imagem ou mapa.
Que conclusões tiramos dessa experiência? Para começar, o Wave não vai, por enquanto, acabar com o Messenger e nem com o e-mail. Para usar o serviço do Google, é preciso abrir o navegador, dirigir-se a um endereço específico e fazer login. Senão, a pessoa nem vai saber que alguém está tentando entrar em contato. O Messenger, ao contrário, fica sempre ao alcance do mouse e avisa quando chega uma mensagem. Em muitas situações, ainda é mais prático usar mensagens instantâneas ou e-mail.
Mas notificadores que avisam quando há mensagens no Wave já começam a aparecer. Com o tempo, os bugs serão resolvidos e o serviço vai se tornar mais funcional. Se eu fosse o responsável pelo Windows Live Messenger na Microsoft, trataria de examinar o Wave com muita atenção. Há muitas boas idéias nele que podem ser incorporadas ao mensageiro, como a possibilidade de exibir mapas e outras formas de conteúdo dinâmico junto com as mensagens. O Wave pode até dominar as comunicações como sonha Rasmussen. Mas não vai ser fácil. É provável que concorrentes como a Microsoft aperfeiçoem seus produtos para competir com ele. Para o benefício dos usuários, sempre haverá mais de uma opção.