Toscas, rudes e grosseirasRecentemente, uma associação
médica europeia lançou um manifesto afirmando que era inaceitável a
qualidade atual das chamadas "próteses robóticas".
Os médicos afirmam no documento que as mãos robóticas atualmente no
mercado sequer merecem esse nome, sendo equipamentos "toscos, rudes e
grosseiros", muito aquém do que a tecnologia promete ou é capaz de
fazer.
Na verdade, já existem mãos robóticas superavançadas, algumas com
movimentos de tendões similares aos naturais, e pelo menos uma com
uma
sensibilidade superior ao tato humano.
O problema é que há um passo grande entre demonstrar o funcionamento
de uma mão robótica no laboratório e deixá-la pronta para ser implantada
em um paciente.
Alta tecnologia e baixo custo
Os maiores desafios para viabilizar uma prótese robótica incluem a
necessidade de dar ao equipamento, além da destreza, uma grande
durabilidade e, se possível, modularidade, para que ela possa atender às
diferentes necessidades dos pacientes - tudo a um custo razoável.
Esta é a proposta do professor Curt Salisbury, do laboratório Sandia,
nos Estados Unidos, que acaba de apresentar uma mão robótica que promete
tudo isso.
"As mãos são consideradas a parte mais difícil de um sistema
robótico, e elas são a parte menos disponível devido à necessidade de
elevada destreza e baixo custo," disse ele.
A mão robótica, que recebeu o nome de Sandia Hand, é
totalmente modular, o que significa que nem mesmo os dedos são
permanentes - os dedos podem ser trocados conforme o grau de
sensibilidade exigido.
Assim, uma mão robótica a ser usada em uma prótese poderá receber uma
luva eletrônica ou os
sensores táteis mais modernos disponíveis, enquanto a mesma mão
poderá ser instalada em um robô comum usando dedos magnéticos ou garras.
Essa modularidade poderá reduzir o custo do equipamento, já que ele
poderá ser fabricado em larga escala, atendendo a diversos mercados. O
Dr. Salisbury, por exemplo, projetou sua mão robótica pensando no
desarmamento de explosivos - daí o interesse em dedos que possam ser
trocados rapidamente.
Controle neural
O protótipo não está pronto para uso médico, sendo controlado à
distância por uma luva, o que torna o equipamento adequado para robôs,
mas não para humanos.
Mas a modularidade e o baixo custo podem incentivar outras equipes a
trocarem o sistema de controle desse protótipo por
interfaces neurais, por exemplo.
Ou trocarem as mãos robóticas "toscas, rudes e grosseiras" de suas
próteses atuais por uma mão robótica estado da arte.
A Sandia Hand tem 12 graus de liberdade, e estima-se que,
fabricada em pequenos volumes, seu custo possa chegar aos US$10.000 -
10% dos equipamentos similares no mercado.