O próximo Facebook pode vir de mercados emergentes,
como o Brasil, afirma o escritor e pesquisador Erik
Qualman, autor do livro "Socialnomics: como as
mídias sociais transformaram o jeito que vivemos e
fazemos negócios (tradução livre)". Para o autor, o
surgimento de um novo site de relacionamento capaz
de fazer frente aos quase 1 bilhão de usuários do
Facebook não deve demorar.
" Com certeza vai
aparecer um concorrente com um serviço melhor e não
deve demorar. Mais e mais pessoas estão interessadas
em criar e aprender. O próximo concorrente pode vir
dos mercados emergentes, espero que não saia do Vale
do Silício", disse o autor em entrevista ao Terra.
Enfrentando problemas na bolsa de valores desde a
sua IPO, em maio, o Facebook deve começar a amargar
perdas de usuários em breve, prevê Qualman, abrindo
espaço para a concorrência. Para o escritor, a
publicidade negativa trazida pela queda no preço das
ações e pela intensiva cobertura da mídia sobre o
assunto deve afastar os usuários da principal rede
social em atuação no momento, com cerca de um bilhão
de cadastrados.
"As pessoas sempre querem ficar perto do que é
legal, do que está na moda. Essa publicidade
negativa já está afastando os seguidores. A
percepção funciona como a realidade nesse caso. Com
certeza eles devem rever o modelo de negócio",
disse.
Para o autor, a dificuldade da rede social em
mostrar que é um negócio viável economicamente deve
continuar causando inconvenientes para o crescimento
da empresa, mas não surpreende. "Estava tudo escrito
na carta que ele (Mark Zuckerberg) apresentou em
Wall Street, que ele manteria o controle do negócio
e que o objetivo não era ganhar dinheiro, mas fazer
uma revolução social", relembra o autor.
Alternativas de renda
Agora que o IPO foi lançado, Qualman propõe soluções
para aumentar a rentabilidade do site. Uma delas é
cobrar uma porcentagem por transações financeiras
efetuadas por meio do Facebook, melhorar a busca
através dos contatos e estimular a criação de
páginas de pequenas empresas, que deixariam de lado
seus sites e colocariam todas as transações
financeiras na rede social, mediante pagamento.
"Eu quero saber o que os meus amigos pensam sobre
os serviços e não perder tempo pesquisando
novamente. Se os meus amigos já testaram eu não
preciso testar. Essa busca eficiente poderia
impulsionar o Facebook, porque ninguém faz isso de
forma ideal hoje", diz. "Muitas empresas pequenas
gastam muito para criar um site e não conseguem
fazer uma manutenção correta. O Facebook poderia
fazer isso por meio de uma ferramenta e as empresas
iam preferir usar esse serviço", completa.
Qualman aponta ainda outra alternativa. Para o
autor, a rentabilidade do Google, que segundo ele
ganha "uma fortuna" com páginas anunciadas, não
consegue suprir a carência por um sistema de busca
eficiente. "A busca do Google não é perfeita, ela te
indica resultados que não te levam exatamente aonde
você quer chegar. O Facebook deveria tentar
aprimorar esse sistema de busca e ganhar dinheiro
com isso, usando a rede de amigos como indicação de
produtos e serviços de forma efetiva."
A vantagem do Facebook, para o autor, é que
Zuckerberg ainda está em contrato na rede social.
"Acho que se ele eliminar as pesquisas redundantes,
se conseguir fazer com que eu não tenha que testar o
que o meu amigo já testou, vai ser uma forma de
ganhar dinheiro e de dar mais tempo para o usuário."
Lançado na bolsa em 18 de maio, o Facebook tem
sofrido com a queda nas suas ações, que giram em
torno de US$ 18, cerca da metade do valor de estreia.
Além disso, investidores pioneiros do site e até um
cofundador têm vendido grandes quantidades de ações.