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Futuro dos livros digitais está nos novos e antigos leitores
da Reuters, em Nova York (EUA)
Espere um pouco antes de dar por encerrada a história dos livros digitais. Os
leitores ainda frequentarão livrarias e bibliotecas, mas o barateamento dos
computadores e as mudanças dos hábitos dos consumidores sugerem que livros
eletrônicos ainda têm um futuro pela frente.
Mas isso está num futuro distante, particularmente depois que a Barnes &
Noble, maior livraria do mundo, fechou sua loja on-line de livros eletrônicos
na semana passada. Daniel Blackman, da barnesandnoble.com,
disse que os livros para download não tiveram fôlego para sobreviver.
"Existe um mercado, mas ele não se materializou a ponto de que possamos
sustentar um negócio", disse ele.
Como com a música digital, muitos livros, como a obra completa de Shakespeare,
podem ser armazenados em um cartão de memória do tamanho de uma caixa de
chicletes, o que os torna populares entre viajantes, estudantes e profissionais.
Eles podem ser lidos em máquinas como computadores de mão ou laptops.
Os livros eletrônicos podem encontrar um nicho de mercado entre jovens que não
se incomodam com a idéia de ler em uma tela, e com a legião crescente de
leitores aposentados, de acordo com Richard Doherty, diretor de pesquisas da
Envisioneering Group.
"As duas audiências que se beneficiarão mais são os jovens que detestam
a idéia de ir à biblioteca e as pessoas mais velhas que querem a conveniência
de uma letra grande, conforme sua preferência", ou a liberdade de não ter
que carregarem pesados volumes de capa dura.
Por enquanto, os livros eletrônicos são um soluço no mercado editorial. Menos
de 500 mil livros eletrônicos foram vendidos nos Estados Unidos em 2002,
comparado com mais de 1,5 bilhão de livros impressos, estima a empresa de
pesquisa Ipsos-Insight.
Crescimento lento
Em 2000, os livros para baixar da internet tiveram uma grande ebulição que
afetou os negócios on-line a tal ponto que estudos projetaram vendas de US$ 250
milhões até 2005.
O entusiasmo se arrefeceu depois do breve período de efervescência, em que
empresas como Microsoft, Palm, Adobe Systems, Gemstar e Franklin Electronic
Publishers desenvolveram aparelhos para a leitura de textos ou softs que
imitavam o aspecto da página de um livro impresso.
Considerado pesados e caros demais e incômodos de ler em comparação com os
livros de papel, os "tablets" para a leitura de livros eletrônicos não
tiveram sucesso. A Gemstar-TV Guide International, que visava dominar o mercado
de livros eletrônicos, abandonou o projeto em julho e parou de vender as máquinas.
"O consumidor típico americano não está pronto para o livro eletrônico",
disse Barrie Rappaport, da Ipsos. "Não se encaixa no estilo de vida de
hoje. Quando se trata de leitura, as pessoas gostam de tocar o papel."
Além disso, a apreensão quanto à pirataria, que assola a indústria fonográfica,
poderá limitar o número de títulos disponíveis.
Para o futuro
Mesmo assim, Palm, Microsoft e Adobe continuam melhorando seus programas
gratuitos de leitura. Palm, Adobe e a varejista Amazon.com, que também vende
livros para download, afirmam que não têm planos para grandes mudanças estratégicas.
"Achamos que, a longo prazo, a tecnologia do livro eletrônico tem um
grande futuro", disse Russell Brady, da Adobe. "O mercado não decolou
como prevíamos, mas certamente continuaremos investindo nessa área."
Os consumidores são encorajados pelos palmtops e notebooks, cada vez mais
baratos. Alguns novos modelos de computadores portáteis custam até US$ 100 nos
Estados Unidos.
"Na quarta-feira, vendemos 2.000 livros eletrônicos. Foi o melhor dia para
o varejo da Palm Digital Media em 2003, e este é o nosso melhor mês da história",
disse Ryan WuerchMost, executivo-chefe da loja on-line Web PalmGear. A PalmGear
recentemente comprou a unidade editorial da Palm. Ele estima que a PalmGear
venderá cerca de 1,3 milhão de livros eletrônicos nos próximos 12 meses.
Para aumentar as vendas, os preços dos livros devem baixar, disse a analista
Susan Kevorkian, da IDC. "É cedo demais para declarar o fim do livro
digital", disse ela. "Mas ele precisa ter preços competitivos para
que as pessoas adotem a tecnologia."
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