Numa grandiosa investida no
mercado emergente dos acessórios para telefones com câmera, a Nokia acaba de
lançar seis novos produtos, entre os quais estão um telefone nada
convencional, um colar, um porta-retratos e um caleidoscópio digitais. A
maior fabricante de celulares do mundo disse que pretende oferecer aos
consumidores novas formas de usar seus telefones equipados com câmera, que
explodiram em popularidade, tirando espaço das câmeras digitais avulsas.
"Você já tinha o
celular. Agora pode usá-lo para tirar fotos e fazer vídeos", disse o
porta-voz da Nokia, Keith Nowak. "Realmente, é apenas uma maneira de
expandir essa capacidade".
O novo celular da Nokia,
modelo 7600,
É um aparelho do tamanho de um palmtop com um desenho único. Ele tem
tela colorida e é equipado com uma câmera digital para fotos e vídeo. Ele
permite até quatro horas de conversação em redes celulares mantidas pela
AT&T Wireless, Cingular e T-Mobile. Além desses recursos, ele também
funciona como MP3 player e tem suporte para aplicativos em Java. Os usuários
podem enviar e receber imagens digitais e clipes de vídeo através de conexões
Bluetooth, porta USB ou infravermelho. Ele estará disponível nas lojas dos
EUA no final do ano.
Duas versões do novo
porta-retratos eletrônico da Nokia podem receber e exibir fotos digitais de
outros produtos da companhia. O SU-4
pode receber as imagens via infravermelho, armazenar até 50 imagens e
exibi-las isoladamente ou como parte de uma apresentação de slides. O SU-7também
pode guardar 50 mensagens, mas só pode recebê-las de telefones Nokia com
recurso de mensagens multimídia (MMS). Ambos os modelos devem chegar às
prateleiras no primeiro trimestre do ano que vem.
A Nokia também lançou duas
versões de um colar digital que pode receber e exibir imagens digitais através
do recurso de comunicação por infravermelho dos telefones Nokia. Ambos podem
armazenar até oito imagens e incluem controles para apagar arquivos. Uma das
versões está disponível apenas como colar. A outra pode ser usada, também,
como um relógio de pulso. Os aparelhos devem ser lançados no começo de
2004.
Um caleidoscópio portátil
de aço que pesa 74 gramas e aceita fotos usando conexão por infravermelho
também está sendo preparado para o começo do ano que vem. Ele pode
armazenar até 24 fotografias.
A empresa não revelou o preço
de seus novos produtos. No entanto, Alan Reiter, presidente da Wireless
Internet & Mobile Computing, uma empresa de consultoria, afirma que,
se forem vendidos por menos de US$ 500, os lançamentos devem atrair os
primeiros usuários a adotar celulares com câmera. "Estes produtos não
são bugigangas", disse Reiter. "Estamos olhando para o futuro, então
precisamos de nenhuma cigana para lê-lo em folhas de chá".
Com os novos aparelhos, a
Nokia está construindo o que irá se tornar um lucrativo negócio na área de
telefones com câmera, afirma Reiter. Outros analistas da indústria ecoam sua
opinião. As vendas de telefones com câmera superaram as de câmeras digitais
tradicionais no primeiro semestre do ano, de acordo com a empresa de análise
de mercado Strategy Analytics. Os fabricantes de celulares venderam 25 milhões
de aparelhos com câmeras no mundo inteiro, contra apenas 20 milhões de
unidades de câmeras digitais no mesmo período.
O grupo Zelos, outra
companhia de pesquisa de mercado, divulgou, há duas semanas, um estudo
segundo o qual 50% dos cerca de 1,3 mil usuários entrevistados deseja uma câmera
digital em seu próximo telefone celular. O recurso ficou em primeiro lugar
numa lista de dez em que também figuravam os serviços de walkie-talkie e a
tecnologia de conectividade de curta distância Bluetooth.
Entretanto, para outros ávidos
usuários de telefonia celular como Marty Cooper, presidente da ArrayComm,
que criou o primeiro telefone celular nos laboratórios da Motorola em 1973, o
futuro mostrado pela Nokia ainda deve demorar um pouco mais para chegar. Ao
contrário dos analistas, ele expressou desapontamento com relação aos novos
produtos.
Segundo ele, as redes em que
esses aparelhos funcionariam não estão prontas para suportá-los de forma
barata e ágil. "Pode apostar que gadgets assim irão existir, mas elas
terão que ser realmente práticas", disse. "Com certeza, eu quero
um porta-retratos eletrônico. Mas eu quero poder receber as fotos tiradas por
meu filho com meu neto em Chicago. Elas teriam alta resolução, chegariam por
e-mail ao porta-retratos que tenho em minha mesa no trabalho e eu pagaria
apenas 25 centavos por isso".
Parece que Cooper terá mesmo
que esperar. A maioria das câmeras instaladas em celulares têm menos de um
megapixel de resolução.
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