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Nanotecnologia
entre o bem e o mal
Ciência avalia benefícios e riscos de fabricar
dispositivos tão pequenos quanto um punhado de átomos
Rafael
Garcia
Um setor da ciência de
ponta que consome investimentos de US$ 6 bilhões anuais no mundo está
recebendo sinal amarelo. Produtos da nanotecnologia, área que
desenvolve partículas e dispositivos que medem poucos nanômetros
(milionésimos de milímetro), podem trazer riscos ambientais e de saúde,
indicam estudos.
O risco é controlável,
dizem os cientistas, e nada tem de parecido com as paranóias da ficção
científica, mas é preciso tomar cuidado para que o uso irresponsável
da técnica não acabe ofuscando os benefícios que ela pode trazer.
A nanotecnologia promete
revolucionar a eletrônica com a redução de chips em até mil vezes e
já está auxiliando a engenharia com materiais altamente resistentes e
leves. Alguns desses compostos, sobretudo os derivados de grafite, já
estão sob escrutínio de pesquisas que identificaram propriedades tóxicas
neles. "O objetivo do nosso trabalho é entender o que tem de ser
feito para que esses materiais possam ser fabricados, usados e
descartados de maneira segura e ambientalmente correta", disse a
GALILEU o pesquisador Mason Tomson, da Universidade Rice, de Houston, no
Texas.
O fato de Rice,
considerada um dos berços da nanotecnologia, estar agora alertando para
seus riscos pode parecer contraditório, mas faz sentido. Cientistas
temem que a discussão sobre os perigos da nanotecnologia avance rápido
demais e decisões políticas tenham de ser tomadas sem que o
conhecimento necessário esteja disponível. Nos últimos anos isso
aconteceu, por exemplo, no debate sobre alimentos transgênicos.
O alvoroço em torno dos
problemas que a nanotecnologia pode trazer começou no ano passado, após
a ONG ambientalista ETC Group ter pedido uma moratória mundial na produção
de nanoprodutos, já que ainda não há leis regulando o que pode ou não
ser feito. "Por causa dessa negligência absurda e porque
consumidores já estão sendo expostos a nanopartículas sintéticas, um
pedido de moratória é a única resposta política razoável", diz
o diretor da entidade Pat Mooney.
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