Intitulado "Grandes Mentes Wébicas" pelos organizadores do festival youPIX, em São Paulo, um grupo de seis especialistas contou histórias da introdução da internet no Brasil, em um tempo em que só havia conexão discada e raros provedores. Eles fizeram uma enquete sobre o assunto e pouca gente soube responder às questões dos "dinoussauros" da web no País. "Era uma época da internet mais clássica. Aquele era o tempo do e-mail, não existiam redes sociais", disse Bob Wollheim, empreendedor serial e publisher da SixxPix Content, em sua introdução como mediador. Após cerca de uma hora relembrando "causos", os "dinossauros", que se mostraram ainda muito conectados ao mercado, projetaram o futuro da internet.Para o jornalista Caio Túlio Costa, fundador do UOL, consultor de mídia que atuou na campanha presidencial de Marina Silva, a internet deu "poder de mídia" aos usuários. Ele lembrou, no entanto, que é preciso garantir acesso às pessoas que não ainda não dispõem do mundo digital. "Qualquer pessoa pode criar um blog, falar para o mundo. E se tiver constância, pode vir a ter audiência, pode ter alcance. Teremos uma revolução ainda maior do que já tivemos. Só que há o fato de que nem todo mundo tem esse poder de mídia. A ONU já decretou que a internet é um direito básico do cidadão. Acho que o nosos futuro é atingir isso, é a nossa luta para o futuro", disse ele, lembrando que existem hoje 90 milhões de brasileiros conectados à internet.
Aleksandar Mandic acredita que o mainframe é o futuro da internet, porém, ainda falta viabilibidade econômica para tornar a tecnologia 4G cada vez mais próxima do cotidiano. "Do mainframe nós viemos, para o mainframe nós vamos. O mainframe é o cérebro que faz tudo. Se você olha para um iPad, você tem pouca memória, mas tem conectividade. O 4G é duas vezes mais rápido que o 3G. Quando você tiver essa conectividade, essa transferência de dados, você não vai precisar de um computador enorme. O futuro da internet é o mainframe, e só o que falta é a conectividade. E isso já existe, com o 4G. O que é preciso fazer é torná-lo economicamente viável. Esse é o futuro que vejo", afirmou o fundador do provedor Mandic e pioneiro da internet no País.
Já o especialista em mercado de internet Índio Brasileiro, sócio-diretor da FirstCom Comunicação, destacou a importância das redes sociais e projetos que possam se tornar "reais" no mundo virtual. "Para inventar o futuro basta pôr a mão na massa. A tecnologia só deixou tudo mais inteligente. Quem quiser faz. Se não tentar, não faz. Você precisa ter foco. Computador hoje está muito mais barato, etc. O melhor jeito de fazer o futuro é inventá-lo", afirmou ele, que confessou: "acho que consigo ficar um dia sem tomar água, mas não consigo ficar um dia sem checar meus e-mails".
Ao final, Bob Wollheim fez questão de lembrar que não há "saudosismo" nem visão romântica sobre o passado, mas destacou a importância de "ressuscitar" o legado dos colegas. "Era uma internet muito maluca. Não tinha Twitter, não tinha Facebook. Naquela época era uma coisa exatamente ao contrário, demorava dois minutos e meio para carregar uma página. Então, é muito importante ressuscitar esse legado", afirmou.
Além de Bob, participaram do encontro o jornalista e fundador do UOL Caio Túlio Costa, que atuou na campanha da Marina Silva; Michel Lent, um dos primeiros brasileiros a trabalhar com internet no País e sócio e vice-presidente de estratégia do Grupo .Mobi/RBS; Índio Brasileiro, especialista no mercado de internet e sócio-diretor da FirstCom Comunicação; Aleksandar Mandic, sócio-fundador do provedor Mandic, e o jornalista Julio Hungria, fundador do Blue Bus.
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